A Imagem de Deus

21/07/2017
A criação de Adão, pintura de Michelangelo
A criação de Adão, pintura de Michelangelo

No princípio, Deus criou o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1.26-27). Nisso consiste a dignidade humana, que não é o resultado do desenvolvimento e comportamento pessoal, mas da ação de Deus. O homem foi criado por Deus como Deus, mas ele próprio não é Deus. Contudo, em Êx 20.4-5 está escrito: "Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há acima dos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto."

Assim, o homem, criado por Deus à sua imagem e semelhança, não deverá fazer para si uma imagem de Deus, além daquilo que Deus criou para refletir sua imagem. Em vez disso, o relacionamento entre Deus e o homem baseia-se na Palavra de Deus e no falar com Deus, que torna isso possível (Dt 4). A Palavra de Deus reina fazendo Deus visível em artefatos e experiências... A queda do homem do seu relacionamento com Deus, pela violação do mandamento divino, implica que o homem está colocando a si mesmo no lugar de Deus para "ser como Deus" (Gn 3.5), o que resulta na separação de Deus.

A respeito do Filho de Deus que se fez homem, é testificado da parte de Deus que ele é "a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criação" (Cl 1.15; 2Co 4.4), ele é "o resplendor da glória e a expressão exata do su ser" (Hb 1.3). Aqui a relação entre imagem e formação se torna completa quando nós não somente reencontramos  origem da criação na pessoa de Jesus Cristo, em sua palavra e obra, mas quando o desejo salvífico de Deus é realizado por meio do dom renovador do Espírito (Rm 8.29)...

Assim, à imagem de Cristo, aquilo que se faz novo e é moldado no cristão pela obra de Cristo torna-se visível. Isso acontece no batismo (Rm 6.3-5)... Nossa semelhança com Cristo é alcançada ao sermos "enxertados" nele pelo batismo.

Com a imagem de Cristo e a formação dos cristãos, é trazida à tona uma realidade que não pode ser vista quando a Palavra de Deus é meramente percebida como um texto da antiguidade; quando os sacramentos são somente entendidos como um rito de passagem; e quando a comunhão entre Deus e o homem é reduzida a uma comunhão simbólica... O verdadeiro cura d'almas não é limitado somente à esfera do interior, mas cuida do ser humano como um todo, em alma e corpo. O entendimento bíblico da salvação sempre engloba corpo e mente, saúde externa e interna concomitantemente. 


Reinhard Slenczka, "Luther's Care of Soul for Our Times," CTQ 67.1 (January 2003), 56-58.

Fonte: Bíblia de Estudos da Reforma, SBB, 2017.

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